domingo, 8 de agosto de 2010

Era ela ou era eu

De início eu não gostava dela, não suportava seu modo sem sal, imparcial a tudo. Odiava a falta de opinião, a fraqueza ao chorar, achava impróprio, afinal o que ela era?
Era uma mulher, era delicada, era o que eu não sabia ser? Não sei o que era, mas morria de vontade de lhe xingar até a décima geração, falar que o mundo não era a sua bolha, a morte do cachorro, a partida do marido. Nada disso deve parar alguém por tanto tempo, ninguém pode mudar o que foi, fazer diferente o que passou, mas o futuro sim, podemos parar de chorar por pouca merda.
Mas ela não, não sabia ser assim, sempre pensava "o que vão pensar", "gostaram mais de mim em verde ou amarelo". Isso me indignava, um dia me imaginei gritando vinte mil palavras, tentando chamar atenção que o mundo não está lá fora, está em nós, eles podem pensar mas somente nós temos o direito de viver o que é nosso.
Não vejo nela nenhuma das nossas mulheres, vejo nela uma pobre coitada, sem a própria opinião, sem a própria vida. Fechou os olhos e viveu de dogmas e leis bobas que a sociedade criou.
Agora não tenho mais ódio, muito menos raiva dela, comecei a ter pena e dó, afinal o que é um ser sem a própria vida, sem as próprias escolhas? Para essa questão eu tenho resposta, é uma pessoa triste e fraca.

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